Estar na cultura: práticas de autonomia, traduções cosmopolíticas e contra-antropologias dos Tupinambá de Olivença
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v21i46.813Palavras-chave:
Tupinambás de Olivença, autonomias indígenas, cosmopolítica, contra-antropologiaResumo
Este artigo explora, através de alguns fragmentos do entramado histórico dos Tupinambá de Olivença, as práticas de autonomia, as traduções cosmopolíticas e a criação de uma contra-antropologia Tupinambá, produzidas na trama de seu movimento indígena ao longo da luta pela demarcação da Terra Indígena e a retomada do território. Porém, esses fragmentos escapam da captura que provocam essas categorias de origem analítica, conectando-se uns aos outros, motivo pelo qual uso a metáfora do entramado de um tecido para falar sobre os entrelaçamentos das relações produzidas pelos parentes indígenas. É por esse motivo que, ao longo do texto, ao falar de autonomia, o relato nos leva a entender seu curso junto às retomadas; por sua parte, as retomadas só se explicam na autonomia lograda pelas relações acumuladas nos enfrentamentos cosmopolíticos entre mundos que se anulam na luta pelo território; um enfrentamento que, por sua vez, se materializa na alteridade que se produz pelos espaços vividos onde se garantem as práticas autonômicas. Esses entrelaçamentos formam um entramado de relações ubíquas, as quais suportam a luta dos Tupinambá de Olivença.
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