Do <em>Manutata</em> ao <em>Uakíry</em>: história indígena em um relato de viagem na Amazônia Ocidental (1887)

Autores

  • Cliverson Pessoa Universidade Federal de Rondônia

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.v17i34.457

Palavras-chave:

história indígena, etnônimos, topônimos, coronel Labre.

Resumo

O coronel Labre atravessou do Rio Madre deDios (Manutata) ao Rio Acre (Uakíry) em 1887. As descrições feitas pelo viajante informam sobre a situação de diversos grupos indígenas, seus caminhos, malocas/tabas e templos sagrados, registrados na língua dos próprios povos que habitavam a região. Este artigo propõe uma leitura desses dados históricos com enfoque na localização dos etnônimos e topônimos. O objetivo é reunir as informações históricas e etnográficas dos grupos indígenas que podem ser avaliadas à luz da antropologia, linguística e arqueologia.

Biografia do Autor

Cliverson Pessoa, Universidade Federal de Rondônia

Professor substituto no Departamento de Arqueologia da Universidade Federal de Rondônia.

Referências

ACUNÃ, Cristóbal de. Novo descobrimento do rio Amazonas. Tradução de Antônio R. Esteves. Montevidéu: Consejería de educación de la embajada de España en Brasil, 1994.

AIKHENVALD, Aleksandra Yurievna. Language contact in Amazonia. Oxford: Oxford University Press on Demand, 2002.

BARBOSA, Antonia Damasceno. Análise espacial dos sítios monumentais do leste da Amazônia ocidental. 2014. 227f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2014.

CALAVIA SÁEZ, Oscar. Nomes, pronomes e categorias: repensando os “Sub-grupos” numa etnologia pós-social. Antropologia em primeira mão, Florianópolis, v. 138, p. 5-17, 2013.

CAVALCANTE, Thiago Leandro Vieira. Etno-história e história indígena: questões sobre conceitos, métodos e relevância da pesquisa. História, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 349-71, jan./jun. 2011.

CHANDLESS, William. Ascent of the river Purus. The Journal of the Royal Geographical Society of London, Londres, v. 36, p. 86-118, 1866a.

______. Notes on the river Aquiry, the principal affluent of the River Purus. Journal of the Royal Geographical Society, Londres, v. 36, p. 119-28, 1866b.

CHAMBERLAIN, Alexander Francis. nomenclature and distribution of the principal tribes and sub-tribes of the Arawakan Linguis­tic Stock of South America. Journal de la Société des Américanistes, v. 10, p. 473-96, 1913.

CHURCH, George Earl. Aborigines of South America. London: Chapman and Hall; Limited, 1912.

CÓRDOBA, Lorena; VILLAR, Diego. Etnonimia y relaciones interétnicas entre los panos meridionales (siglos XVII-XX). Revista Andina, Cuzco, n. 49, p. 211-44, 2009.

CORRÊA, Ângelo Alves. Longue durée: história indígena e arqueologia. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 65, n. 2, p. 26-9, abr./jun. 2013.

EHRENREICH, Paul. Die Einteilung und Verbreitung der Völkerstämme Brasiliens nach dem gegenwärtigen Stande unsrer Kenntnisse. Petermanns Mitteilungen aus Justus Perthes’ geographischer Anstalt, Gotha, v. 37, p. 81-9, 114-24, 1891.

ERIKSEN, Love. Nature and Culture in Prehistoric Amazonia Using GIS to reconstruct ­ancient ethnogenetic processes from archaeology, linguistics, geography, and ethnohistory. Lund: Lund University, 2011.

ERIKSON, Philippe. El ritual como máquina del tiempo: ejemplos chacobo (Amazonía boliviana). In: ROSTAIN, Stephen (Ed.). Antes de Orellana – Actas del 3er Encuentro Internacional de Arqueología Amazónica. Lima: Instituto Francés de Estudios Andino, 2014. p. 399-406.

______. Diálogos à flor da pele... Notas sobre as saudações na Amazônia. Campos – Revista de Antropologia Social, v. 10, n. 1, p. 9-27, 2009.

______. Uma singular pluralidade: a etno-história Pano. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (Org.). História dos índios do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 239-52.

FACUNDES, Sidney da Silva. The language of the Apurinã people of Brazil (Maipure/Arawak). Buffalo: University of New York, 2000.

FAUSTO, Carlos. Fragmentos de história e cultura tupinambá: da etnologia como instrumento crítico de conhecimento etno-histórico. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (Org.). História dos índios do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 381-96.

FLECK, David William. Panoan languages and linguistics. Anthropological papers of the American Museum of Natural History, New York, n. 99, 2013.

FREITAS, Edinaldo Bezerra de. Fala de índio, história do Brasil: o desafio da etno-história indígena. Revista Historia Oral, v. 7, p. 181-97, 2004.

HECKENBERGER, Michael. The ecology of power: culture, place, and personhood in the southern Amazon, AD 1000-2000. New York and London: Routledge, 2005.

HILL, Jonathan. Etnicidade na Amazônia Antiga: reconstruindo identidades do passado por meio da arqueologia, da linguística e da etno-história. Ilha Revista de Antropologia, v. 15, p. 34-69, 2013.

HILL, Jonathan; SANTOS-GRANERO, Fernando. Comparative arawakan histories: rethinking language family and culture area in Amazonia. Urbana: University of Illinois Press, 2002.

HORNBORG, Alf; HILL, Jonathan. Introduction. In: HORNBORG, Alf; HILL, Jonathan (Ed.). Ethnicity in ancient Amazonian: reconstructing past identities from Archaeology, Linguistic and Etnohistory. Boulder: University Press of Colorado, 2011. p. 1-27.

HORNBORG, Alf; ERIKSEN, Love. An attempt to understand Panoan ethnogenesis in relation to long-term patterns and transformations of regional interaction in Western Amazonia. In: HORNBORG, Alf; HILL, Jonathan (Ed.). Ethnicity in ancient Amazonian: reconstructing past identities from Archaeology, Linguistic and Etnohistory. Boulder: University Press of Colorado, 2011. p. 129-51.

KELLER, Franz. The Amazon and Madeira rivers: sketches and descriptions from the ­note-book of an explorer. Philadelphia: JB Lippincott and Company, 1875.

LABRE, Antonio Rodrigues Pereira. Colonel Labre’s explorations in the region between the Beni and Madre de Dios rivers and the Purus. Proceedings of the Royal Geographical Society and Monthly Record of Geography, v. 11, p. 496-502, 1889.

______. Viagem exploradora do Rio Madre de Dios ao Acre. Revista da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, Tomo IV, 2º Boletim, p. 102-14, 1888.

______. Itinerário da exploração do Purús ao Beni. In: ROCHA, Hélio. Coronel Labre. p. 181-220. São Carlos: Scienza, 2016.

LATHRAP, Donald. The upper Amazon. London: Thames e Hudson, 1970.

MELATTI, Júlio Cézar. Áreas etnográficas da américa indígena. Rio Beni. Disponível em: <www.juliomelatti.pro.br/>. Acesso em: 10 set. 2016.

MÉTRAUX, Alfred. The native tribes of eastern Bolivia and western Matto Grosso. Washington: Smithsonian Institution; Bureau of American Ethnology, 1942.

MONTEIRO, John Manuel. Tupis, tapuyas e historiadores: estudos de história indígena e do indigenismo. 2001. Tese (Livre Docência) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

NEVES, Eduardo Góes. Archaeological cultures and past identities in the pre-colonial Central Amazon. In: HORNBORG, Alf; HILL, Jonathan (Ed.). Ethnicity in ancient Amazonian: reconstructing past identities from Archaeology, Linguistic and Etnohistory. Boulder: University Press of Colorado, 2011. p. 1-27.

NIMUENDAJÚ, Curt. Mapa etno-histórico. Rio de Janeiro: IBGE, 1981.

NOELLI, Francisco Silva. The Tupi: explaining origin and expansions in terms of ­archaeology and of historical linguistics. Antiquity, v. 72, p. 648-63, 1998.

PACHECO DE OLIVEIRA, João. Uma etnologia dos “índios misturados”? Situação colonial, territorialização e fluxos culturais. Mana, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 47-77, 1998.

PAZ, Román. De Riberalta ao Inambari. La Paz: Imprenta de “el comercio”, 1895.

PIMENTA, José. O Amazonismo Acriano e os povos indígenas: revisitando a história do Acre. Amazônica – Revista de Antropologia, Belém, v. 7, n. 2, p. 327-53, 2015.

PINKAS, Julio. O alto Madeira. Revista da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, Tomo III, 4º Boletim, p. 269-309, 1887.

PORRO, Antonio. Dicionário etno-histórico da Amazônia colonial. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2007.

RAMIREZ, Henri. Etnônimos e topônimos no rio Madeira (séculos XVI-XX): um sem-número de equívocos. Revista Brasileira de Linguística Antropológica, Brasília, v. 2, p. 13-58, 2010.

ROCHA, Hélio. Coronel Labre. São Carlos: Ed. Scienza, 2016.

SAUNALUOMA, Sanna; SCHAAN, Denise Pahl. Monumentality in Western Amazonian formative societies: geometric ditched enclosures in the Brazilian state of Acre. Antiqua, v. 2, n. 1, p. 1-11, 2012.

SAUNALUOMA, Sanna; VIRTANEN, Pirjo Kristiina. variable models for organization of earthworking communities in upper Purus, southwestern Amazonia: Archaeological and Ethnographic perspectives. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America, v. 13, p. 23-43, 2015.

SCHAAN, Denise Pahl. Sacred geographies of ancient Amazonia: historical ecology of social complexity. Walnult Creek: Left Coast Press, 2012.

______. Arqueologia do Acre: do Pronapaba às pesquisas sobre os geoglifos. In: SCHAAN, Denise Pahl; RANZI, Alceu; PÄRSSINEN, Martti (Org.). Arqueologia da Amazônia Ocidental. Os geoglifos do Acre. Belém: EDUFPA, 2008. p. 15-44.

STEWARD, Julian. Handbook of south american Indians. University of Michigan-Dearborn, 1963.

VALENZUELA, Pillar; GUILLAUME, Antoine. Estudios sincrónicos y diacrónicos sobre lenguas Pano y Takana: una introducción. AmeríndiaRevue d’Ethnolinguistique Amérindienne, v. 39, p. 1-49, 2016.

VILLAR, Diego; CÓRDOBA, Lorena; COMBÉS, Isabelle. La reducción imposible: las expediciones del padre Negrete a los pacaguaras (1795-1800). Cochabamba: Instituto de Misionología, 2009.

VIRTANEN, Pirjo Kristiina. Observacões sobre as possíveis relações entre os sítios arqueo­lógicos do Acre e um povo Aruak contemporâneo. In: SCHAAN, Denise Pahl; RANZI, Alceu; PÄRSSINEN, Martti (Org.). Arqueologia da Amazônia Ocidental: os geoglifos do Acre. Belém: EDUFPA, 2008. p. 79-89.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Images of nature and society in Amazonian ­ethnology. Annual Review of Anthropology, v. 25, p. 179-200, 1996.

______. Histórias Ameríndias. Novos Estudos, São Paulo, v. 36, p. 22-33, jul. 1993.

WATLING, Jennifer; IRIARTE, José; MAYLE, Francis; SCHAAN, Denise; PESSENDA, Luiz; LOADER, Neil; STREET-PERROTT, Alayne; DICKAU, Ruth; DAMASCENO, Antonia; RANZI, Alceu. Impact of the pre-Columbiam “geoglyph” builders on Amazonian forests. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 14, n. 8, p. 1868-73, fev. 2017. Disponível em: <http://www.pnas.org/content/114/8/1868.abstract>.

Downloads

Publicado

2017-12-19

Como Citar

Pessoa, C. (2017). Do <em>Manutata</em> ao <em>Uakíry</em>: história indígena em um relato de viagem na Amazônia Ocidental (1887). Tellus, 17(34), p. 81–103. https://doi.org/10.20435/tellus.v17i34.457