Labirinto de colonialidades e transformações ambientais em terras indígenas em Mato Grosso do Sul
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v18i36.491Palavras-chave:
terras indígenas, Mato Grosso do Sul, transformações ambientais.Resumo
A partir de análises da história, da sociologia e da antropologia ambiental, o presente trabalho busca compreender os processos de degradação ambiental das terras indígenas no sul do Mato Grosso do Sul, através de um estudo de caso realizado na terra indígena Te’ýkue, localizada no município de Caarapó, Mato Grosso do Sul. Para o estudo de caso, foi realizado trabalho de campo com adoção de técnicas de observação direta, conversas, depoimentos gravados e transcritos, diários de campo, caminhadas, registro de fotografia e participação em encontros de professores indígenas. A população de estudo está caracterizada através de grupos representativos de: idosos, rezadores, professores e lideranças. Os processos de degradação ambiental da terra ou da natureza devido às atividades econômicas hegemônicas que geraram o “desenvolvimento” regional não foram capazes de apagar os saberes sobre a terra, e esta junto com os povos resistem na sua diversidade, muitas vezes “ilhados” face às paisagens e mentalidades monoculturais. Mesmo diante de séculos de colonização com suas atividades econômicas degradadoras, as terras indígenas Guarani-Kaiowá guardam respostas inspiradoras para a ideia de sustentabilidade.
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