Retomada Aty Jovem: insurreições nas margens do porvir
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.vi44.751Palabras clave:
juventude, necropolítica, guerra, retomadaResumen
O objetivo deste artigo é apresentar fragmentos de uma etnografia realizada de 2017 a 2020, em diferentes retomadas Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul, com especial ênfase no papel dos/as jovens guerreiros/as em uma realidade marcada pela violência estatal e empresarial, agenciada pelos mecanismos necropolíticos associados às máquinas de guerra do agronegócio. Diante da permanência da colonialidade e do colonialismo interno, tentaremos compreender a formação da assembleia da Retomada Aty Jovem (RAJ) enquanto importante instância de mobilização e recuperação da agência política da juventude Guarani e Kaiowá frente às pressões da sociedade nacional, espelhada no terrorismo de Estado e na superexploração do trabalho como ferramentas afins do karai reko capitalista – modo de vida não-indígena – que intentam neutralizar insurgências e integrar novas áreas ao Estado e ao capital em novo processo de expansão. O enfoque desta proposta será ancorado de forma central nos discursos e narrativas destes jovens em permanente resistência, que se revelam como novo segmento de auto-organização e auto-objetivação.
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