Melià na pele da performance, em atrito e na poética do descaminho

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.v22i48.853

Palavras-chave:

interculturalidade, performance, poesia, Bartomeu Melià

Resumo

Este ensaio parte de um enfoque indisciplinado para esboçar uma reflexão sobre o que me provoca o Mundo Melià diante do recrudescimento da violência atual contra as culturas ancestrais e dos ardis da modernidade. Ao introduzir questões como a performance, permito-me ler a abordagem de Bartomeu Melià, o jesuíta linguista com notável pesquisa em antropologia que convida o receptor a sentir na pele o poder do idioma e da cultura Guarani no campo e na cidade, partindo de relatos sobre a violência contra os Aché- Guayaki com a genealogia das missões, por exemplo. Na contemporaneidade, as reflexões sobre a ferida colonial permitem associar Bartomeu Melià a Pierre Clastres, etnólogo francês por traçar outra rota, sobre violência, crenças e mitos, enveredando pela crítica sobre a falta de limites de instituições europeias na relação com as demais culturas. já que, na diferença, ambos invocam uma sabedoria que arma um modo de conhecer demolindo, um modo de defender resistindo, um modo de duvidar de mitos da modernidade na sociedade contra ou sem Estado, ou ao mudar o sujeito pela decolonialidade do ser no âmago do poema. 

Biografia do Autor

Alai Garcia Diniz, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

Doutorado em Letras (Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispano-Americana) pela Universidade de São Paulo (USP). Professora visitante no Programa de Mestrado e Doutorado em Letras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE).

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Publicado

2022-09-06

Como Citar

Diniz, A. G. (2022). Melià na pele da performance, em atrito e na poética do descaminho. Tellus, 22(48), 145–166. https://doi.org/10.20435/tellus.v22i48.853

Edição

Seção

Dossiê: Bartomeu Melià: espanhol de nascimento, paraguaio por opção e guarani