Os buscadores do Céu
Abstract
A tempestade bramia por sobre as estepes dos Guaicuru sem direção ao leste. Amarrotou os tufos de grama dos campos e depois os jogou nas florestas ribeirinhas do poderoso rio Paraná ,cujas árvores timidamente curvaram as suas imensas copas perante a fúria dele e, a cada golpe de vento, como em busca de ajuda, aconchegavam-se uma a outra, para que depois, na pausa seguinte, tornassem a se erguer alto. No chão da floresta, sente-se realmente pouco da violência do temporal. Somente se escuta o bramir e ranger no alto, o ramalhar da chuva e ocasionalmente o estrondo, como o de um trovão, quando um gigante da mata virgem sucumbe na luta contra o mau tempo. Só um rangido e uma crepitação das raízes ao se envergar e quebrar, depois o estrondo retumbante quando o tronco, ao cair e derrubar os galhos das árvores menores, vem abrindo uma larga brecha na densa massa de floresta virgem e, por fim, o baque surdo com o qual o tronco chega ao encontro do chão.Downloads
Published
2014-11-18
How to Cite
Nimuendajú, C. U. (2014). Os buscadores do Céu. Tellus, (24), 303–309. Retrieved from https://tellusucdb.emnuvens.com.br/tellus/article/view/48
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