Os Guarani em Situação Urbana
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.vi44.748Palavras-chave:
Guarani, índios urbanos, territorialidade, territorialização, gêneroResumo
O texto apresenta contribuição fundamental para a compreensão da presença de famílias guarani vivendo atualmente nas periferias de cidades no Mato Grosso do Sul (MS), demonstrando ainda as estratégias de existência desenvolvidas pelas famílias. Mas a abordagem vai muito além, e discute a gênese desse processo, apresentando as atrocidades cometidas pelo Estado contra os guarani, com a expropriação de se seus territórios de ocupação tradicional e o desrespeito às suas formas organizacionais. Os dados resultam do acompanhamento das transformações na região, o que proporcionou oportunidades de presenciar a retirada das madeiras nobres, o desmatamento em larga escala, a implantação das atividades agropastoris e a consequente expulsão de comunidades de seus últimos refúgios. Agregando informações densas e referenciadas na própria experiência de vida e militância, o texto discute como o Estado brasileiro promoveu o recolhimento das comunidades nas reservas demarcadas pelo órgão indigenista oficial, submetendo-as a um rígido controle exercido por autoridades impostas, o chefe de posto e o capitão. A partir da década de 1980 as reservas se transformaram em um ambiente de muita violência e repressão contra famílias que não fazem parte das principais redes políticas, aliadas as agências públicas e da sociedade civil que atuam nas reservas. A saída para as famílias nessa condição foi buscar a “reocupação dos tekoha”, ou fazer a “migração para as cidades”. Assim, fica demonstrado que a origem dessa mobilização está justamente onde tudo começou: a reservação.
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