Ser criança indígena: protagonismo e as produções de sentido da aldeia ao espaço escolar urbano
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v24i53.949Palabras clave:
crianças indígenas, Haliti-Paresi, escolas urbanas, interculturalidadeResumen
Este trabalho trata dos estudos com crianças indígenas em contexto escolar urbano, que têm apresentado um crescimento ainda tímido diante de tamanho campo de pesquisa envolvendo povos indígenas. Neste sentido, o texto que resulta de uma pesquisa de mestrado tem por objetivo dialogar sobre a presença do aluno indígena em escolas urbanas do município de Campo Novo do Parecis (MT) e sobre as ações e práticas pedagógicas desenvolvidas pela comunidade escolar urbana. O intuito é promover a inclusão desses alunos, pautada em reflexões teóricas do campo antropológico da criança e de pesquisas de cunho etnográficas. Os dados foram construídos por meio de análise documental do Projeto Político Pedagógico (PPP), entrevistas semiestruturadas, questionários e relatórios produzidos no caderno de campo, concomitantemente e após as observações no campo de pesquisa. Ao final, foi possível observar que as crianças indígenas encontram desafios de interação sobre tudo pela diferença linguística, culminando em distanciamento entre elas e a comunidade escolar urbana. Ainda, as tensões neste espaço os levam a criar estratégias para coexistir. Mesmo diante de tamanho desafio e tentativas de silenciamento, elas reafirmam sua identidade, contudo, ainda precisam assimilar e adaptar-se à escola etnocêntrica.
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